terça-feira, 7 de outubro de 2008

Tilápias em tanques-rede

(www.sebrae.com.br>Setores>Aquicultura e Pesca>Criação de tilápias em tanques-rede)

Nos próximos 50 anos, a criação de peixes pode nos transformar de caçadores e coletores marinhos em pecuaristas aquícolas. Exatamente como há mais ou menos 10.000 anos atrás, uma inovação semelhante transformou nossos ancestrais, de caçadores e extrativistas, em agricultores e pastores.
(Drucker, 2000)


Comparando a produção de peixe com outras carnes tradicionais no Brasil:
CARNE / CONSUMO / TEMPO (para produzir em escala comercial)
Frango -> 40 kg/hab.ano -> 2 meses
Boi -> 30 kg/hab.ano -> 30 meses
Peixe -> 7 kg/hab.ano -> 6 meses (tilápia)

Os peixes mais importantes na criação em cativeiro, no Brasil, são: a tilápia (38% da produção), carpa (24%) e tambaqui (14% do total). As exigências ambientais para o cultivo de TILÁPIA são: temperatura da água entre 20 e 30oC, oxigênio dissolvido > 4 mg/L e profundidade > 1,5 m. Alguns atrativos e características da espécie (Oreochromis niloticus ou tilápia do Nilo):
> Baixo teor de gordura = 0,9g/100g de carne;
> Baixo teor de calorias = 172 kCal/100g de carne;
> Rendimento em filé = 33 a 37%; e
> Peso médio por indivíduo adulto = 600g

As VANTAGENS do tanque-rede sobre outros sistemas de criação são: menor custo que nos viveiros; facilidade e rapidez na montagem, expansão, monitoramento e despesca; maior proteção contra predadores naturais; e uso de lagos e barragens já construídos. DESVANTAGENS: menor possibilidade de correção de parâmetros químicos e físicos da água; e regime alimentar pode ser feito apenas com ração. Aliás, esta, representa cerca de 65 a 75% dos custos de produção.

Mas, afinal, o que vem a ser um tanque-rede ? É um sistema de produção intensivo onde os peixes são confinados em altas densidades, numa gaiola com malhas que permitem uma grande troca de água com o ambiente e no interior da qual os animais recebem ração balanceada.

DETALHES DO TANQUE-REDE
Formatos mais comuns: círculo, quadrado e retângulo. Quadrado=2m x 2m.
Volume útil de cada um: 4 a 6m3.
Comedouros: 1 a 1,3m de diâmetro e 0,7m de altura (no centro do tanque).
Altura do tanque: 1,20m (1m submerso) a 1,8m (1,5m submerso).
Diâmetro das malhas: 5mm para alevinos e 8mm para peixe adulto.
Distância entre tanques: 1 a 2 vezes o comprimento (ou diâmetro).
Peso: 150 a 200kg/m3.
Densidade: 500 peixes/m3 no tanque de engorda até 200g/peixe e metade desse valor na 2ª. e última fase da criação, quando o peixe alcança 600g.
Produção: 600 a 900 kg/tanque de 4m3 (nas grandes barragens).
Outros acessórios: 4 flutuadores (tambores ou tubos de PVC fechados nas extremidades); cabo de ancoragem (de nylon com 12 a 14mm de diâmetro ou de aço); linha mestra, para alinhar os tanques-rede; bóia cega de 200 L nas extremidades da linha mestra; bandeirolas de localização; e outros.

FASES DA CRIAÇÃO
1ª.: alevinos (1g/peixe), 60 dias, até completar 200 a 300g/peixe; e
2ª.: engorda, 120 dias, até atingir 600 a 850g/peixe.

LICENÇAS AMBIENTAIS
(para implantação do empreendimento)
a) Licença Prévia ou LP, válida por 5 anos;
b) Licença de Instalação ou LI, válida por 6 anos; e
c) Licença de Operação ou LO, válida por 4 a 10 anos.

Em 1990 o Brasil produziu pouco mais de 16.000 t de peixes cultivados e, em 2005, a produção nacional foi de 178.746 t, um crescimento de 1.017% (IBAMA, 2005). Segundo a FAO (dados de 2002), no mundo, foram produzidas 39 milhões de toneladas de peixes (a China é o maior produtor), quando o Brasil, com suas 251.000 t, colaborou com apenas 0,64% do total mundial. Entretanto, segundo o mesmo órgão, temos capacidade para produzir até 10 milhões de toneladas, em 2030. Depende de você acreditar e TRABALHAR.
NOTA. Este texto teve 4 objetivos:
1 – Mostrar que a internete (no caso, o site do Sebrae) é uma fonte riquíssima de informações técnicas;
2 – Alertar contra a poluição dos possíveis locais de instalação (açudes, reservatórios e represas) dos tanques-rede;
3 – Lembrar que a própria atividade de aqüicultura, nesta modalidade, também provoca poluição (em menor escala); e
4 – Fornecer elementos para incentivar a produção de tilápia em cativeiro, uma proteína exportável de grande aceitação (nos EUA, p.ex.).

Autoria: José Luiz Viana do Couto
e-mail: jviana@openlink.com.br

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