terça-feira, 7 de outubro de 2008

Poluição do solo

Atualmente considera-se que a contaminação dos solos é um dos principais problemas ambientais, por impactar as culturas, os animais, o homem, a água subterrânea e os mananciais de superfície. A degradação do solo ocorre pela desertificação, uso de técnicas agrícolas equivocadas, desmatamento, queimadas e contaminação (química ou biológica).

O solo é capaz de absorver grandes quantidades de poluentes sem sofrer grandes transformações, mas na medida em que sofre, elas são quase sempre irreversíveis e os danos causados são de difícil recuperação. Há que se destacar que as atividades que podem causar danos à qualidade do solo e plantas ocorrem no longo prazo e/ou em pontos esparsos, mas dada a sua freqüente gravidade é necessário que se tenha em mãos todo um conhecimento para que se possa combatê-los eficientemente. Os estudos para desvendar essa intrincada dinâmica são recentes nas diferentes regiões do mundo e são muito raros no nosso meio.

Conforme o DL No. 28.687/82, art.72, poluição do solo e do subsolo consiste na deposição, disposição, descarga, infiltração, acumulação, injeção ou enterramento de substâncias ou produtos poluentes, em estado sólido, líquido ou gasoso.

A persistência da contaminação dependerá da eficiência dos processos físicos de transformação, tais como a evaporação, lixiviação, erosão e absorção pelas culturas. Somente a conversão total ou a mineralização da substância em elementos ou compostos amplamente distribuídos na natureza e que podem entrar nos ciclos biogeoquímicos é que representa descontaminação.

CARACTERÍSTICAS
O solo para nós, Agrônomos, é a camada da terra intemperizada, ou seja, a que vai (na vertical) da superfície à rocha dura que o formou. Para as plantas, o solo ideal contém uma fração sólida e outra flúida: a 1a. seria formada por 45% de minerais e 5% de matéria orgânica e a 2a., 30% de água e 20% de ar.
O Latossolo Roxo, encontrado em SP, PR e outros poucos estados, é o que mais se aproxima, com 35, 7, 32 e 26% respectivamente (A Água em Sistemas Agrícolas, Klaus Reichardt, ed.Manole, SP, 1987, p.28).

Uma das principais características dos solos (além da sua biologia) é a textura, ou seja, a proporção de elementos minerais: argila, silte e areia. O solo arenoso é pobre em nutrientes, mas deixa passar a água com facilidade; justamente o contrário do argiloso. Assim, um engenheiro ambiental saberá que a classe de solos arenosos conhecidos como Neossolos regolíticos, por exemplo, não será adequado para a disposição de lixo tóxico porque o excesso de drenagem poderá levar os contaminantes para as águas subterrâneas ou até superficiais. O poder dos Latossolos em reter água é melhor em relação aos Cambissolos, que são bastante drenáveis devido a sua granulometria.

A saúde ou qualidade de um solo em geral está relacionada a teores adequados de matéria orgânica, boa estrutura (agregados mais poros), cobertura vegetal impedindo a erosão, biodiversidade, principalmente no que se refere aos microrganismos e alguns outros fatores. Um solo não pode ser simplesmente usado, para qualquer que seja o fim, ele deve ser manejado, de preferência bem manejado. Da mesma forma que a água, ele é um recurso natural renovável, mas a renovação de um solo é muito lenta, um centímetro de solo pode levar mil anos ou mais para ser formado. Definitivamente, este recurso natural não pode ser tratado como uma simples lata de lixo.
http://lablogatorios.com.br/geofagos/tag/contaminacao-do-solo/

IMPORTÂNCIA
O solo desempenha uma grande variedade de funções vitais, de caráter ambiental, ecológico, social e econômico, constituindo um importante elemento paisagístico, patrimonial e físico para o desenvolvimento de infra-estruturas e atividades humanas.
O solo é um meio vivo e dinâmico, constituindo o habitat de biodiversidade abundante, com padrões genéticos únicos, onde se encontra a maior quantidade e variedade de organismos vivos, que servem de reservatório de nutrientes. Uma grama de solo em boas condições pode conter 600 milhões de bactérias pertencentes a 15.000 ou 20.000 espécies diferentes. Nos solos desérticos, estes valores diminuem para 1 milhão e 5.000 a 8.000 espécies, respectivamente.

Nos últimos 40 anos, cerca de um terço dos solos agrícolas mundiais deixaram de ser produtivos do ponto de vista agrícola, devido à erosão. A desertificação também, aumenta cada vez mais. E a salinização dos solos irrigados, idem.

Em termos ambientais, o solo é importante por:
a) servir de substrato para as plantas e as florestas;
b) armazenar água subterrânea para consumo;
c) ser fonte de matéria prima para indústria e mineração;
d) servir de depósito para os nossos rejeitos (lixo, esgoto, etc.); e
e) contribuir para o balanço energético global (temperatura) com os oceanos.

Por outro lado, a sua poluição, afeta as suas propriedades (físicas, químicas e biológicas), contamina a água subterrânea e as plantas que nele vivem. A contaminação do solo tem-se tornado uma das preocupações ambientais, uma vez que, geralmente, ela interfere no ambiente global da área afetada (solo, águas superficiais e subterrâneas, ar, fauna e vegetação), podendo mesmo estar na origem de problemas de saúde pública.

O solo é um recurso natural vital para o funcionamento do ecossistema terrestre e dos ciclos naturais. Apresenta inúmeras funções - uma delas é atuar como um filtro, graças a sua capacidade de depurar grande parte das impurezas nele depositadas; ele age também como um “tampão ambiental”, diminuindo e degradando compostos químicos prejudiciais ao meio ambiente. Essa capacidade de filtração e tamponamento, no entanto, é limitada, podendo ocorrer alteração da qualidade do solo em virtude do efeito acumulativo da deposição de poluentes atmosféricos, da aplicação de defensivos agrícolas e fertilizantes e da disposição de resíduos sólidos industriais, urbanos, materiais tóxicos e radioativos.

Vale ressaltar o papel de “filtro” exercido pelo solo, principalmente devido à presença de cargas elétricas nas argilas e na matéria orgânica do solo. Estas cargas têm o potencial não só de reter os elementos químicos que servem de nutrientes para as plantas, mas também de reter poluentes orgânicos e inorgânicos, impedindo-os de chegar aos corpos d’água.

O contaminante pode se apresentar no solo de 3 formas: 1 – livre (produto livre e puro); 2 – adsorvido (preso nas partículas); ou 3 – dissolvido (na água subterrânea). O tipo de remediação dependerá de como o contaminante se encontra no solo, sendo que a biorremediação (uso de microrganismos) poderá trata-lo diretamente nas 3 fases.

O Centro de Tecnologia Mineral do MME – CETEM adota a Biorremediação de solos argilosos contaminados, com o emprego de microrganismos presentes no próprio solo e a criação de condições para que eles cresçam e degradem os contaminantes.

CAUSAS DA POLUIÇÃO DO SOLO
As principais ameaças sobre o solo são a erosão, a mineralização da matéria orgânica, redução da biodiversidade, a contaminação, a impermeabilização, a compactação, a salinização, o efeito degradante das cheias e dos desabamentos de terras. A ocorrência simultânea de algumas destas ameaças aumenta os seus efeitos, apesar de haver diferentes intensidades regionais e locais (os solos não respondem todos da mesma maneira aos processos de degradação, dependendo das suas próprias características).
Listamos abaixo as principais causas da poluição dos nossos solos:
a) Adubação da cana-de-açúcar com vinhaça ou vinhoto;
b) Infiltração do chorume em aterros sanitários e lixões;
c) Corretivos, fertilizantes e agrotóxicos (agricultura);
d) Solventes, tintas, PCBs e metais pesados (indústrias);
e) Necro-chorume dos cadáveres (cemitérios);
f) Derramamento de gasolina nos postos de combustíveis;
g) Desastres no transporte de produtos químicos em rodovias;
h) Animais domésticos (urina e fezes) nas praias e praças públicas;
i) Depósitos de rejeitos (químicos) industriais e de mineradoras;
j) Salinização de áreas irrigadas (sem drenos) com água salobra;
k) Chuva ácida (modifica o pH do solo em 2 ou mais unidades);
l) Lodo de esgoto (com metais pesados) das ETEs; e
m) Outras.

O volume de lodo de esgoto sanitário de uma ETE representa cerca de 1 a 2% do volume do esgoto tratado. Seu tratamento e disposição final podem alcançar até 60% do custo operacional da ETE, sendo um dos problemas mais complexos que enfrenta o engenheiro responsável. Boa parte desse lodo vai ter no solo.

Nas zonas urbanas, um dos principais poluentes dos solos é a gasolina derramada nos postos de serviço. Em São Paulo foi criado o Cadastro de Áreas Contaminadas da CETESB. Em 2006 foram identificadas 1.822 áreas no Estado, das quais 1.352 (mais de 74%) pertenciam a postos de gasolina. Na grande São Paulo foram 972 registros e 594 só na capital. Por isso, foi criada a Res. Conama 273/00: Programa de Licenciamento de Postos.

O Ministério da Saúde criou o programa Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Solo Contaminado – VIGISOLO, mostrando em seu site resumos de relatórios de avaliação de risco nas localidades onde já ocorreram contaminações: Cidade dos Meninos (organoclorados)/RJ, Santo Amaro da Purificação (chumbo)/BA, Basf-Paulínia (agrotóxico)/SP e outras.

MÉTODOS DE DESCONTAMINAÇÃO
Se o estudo de solos contaminados é recente, a investigação e desenvolvimento de processos e tecnologias de tratamento o é ainda mais. A abordagem das áreas contaminadas considera, normalmente, três fases fundamentais:

1 - Identificação das áreas contaminadas (inventários)
2 – Diagnóstico e avaliação das áreas contaminadas
3 - Tratamento das áreas contaminadas.

Atualmente consideram-se três grandes grupos de métodos de descontaminação de solo:

1) Descontaminação no local ("in-situ")
2) Descontaminação fora do local ("on/off-site")
3) Confinamento/isolamento da área contaminada.

Esta 3ª opção não se trata verdadeiramente de um processo de descontaminação, mas sim de uma solução provisória para o problema. O tratamento do solo como
metodologia de recuperação de áreas contaminadas é uma alternativa cada vez
mais significativa relativamente à sua deposição em aterros sanitários, devido essencialmente ao aumento dos custos envolvidos.

Entre os métodos mais utilizados encontram-se:
a) térmicos;
b) físico-químicos;
c) biológicos;
d) aterros industriais;
e) dessalinização; e
f) especiais (vitrificação).

Uma das técnicas mais recomendadas e adequadas atualmente de remediação desses meios contaminados é o tratamento biológico ou a biorremediação (item c).
Algumas técnicas de biorremediação: biorremediação passiva, bioaumentação, bioestimulação, fitorremediação, landfarming, compostagem e biorreatores.

A técnica do encapsulamento do solo com cimento é extensamente usada, porque pode oferecer garantia de estabilização química de muitos contaminantes e produzir uma forma mecanicamente estável do resíduo.
A Embrapa Meio Ambiente desenvolveu um método simples, em pequena escala, que consiste em colocar o solo contaminado em cilindros metálicos (de Fe, Al ou Cu) e deixá-los expostos ao sol durante um dia, numa caixa de madeira sob cobertura de plástico transparente. Mas só elimina microrganismos (fungos, bactérias e nematóides nocivos às plantas). Dimensões da caixa e dos tubos:
1,5 x 1,2 x 0,3m para 6 tubos de 1,1m cada e 15cm de diâmetro (120L cada); ou
1,4 x 1,2 x 0,2m para 7 tubos de 1,1m cada e 12,5cm de diâmetro interno.

A seleção do método apropriado constitui um processo complexo, envolvendo considerações detalhadas das características do local (fatores geológicos e hidrogeológicos), do poluente, da população microbiana presente no local, e um estudo da viabilidade técnico-econômica de aplicação das várias alternativas para o local específico.

BIBLIOGRAFIA
Reações e processos:
http://www.cpgmne.ufpr.br/docente/andrea/TC019_Contaminacao_de_solos.pdf
Prevenção e gestão:
http://www.cetesb.sp.gov.br/rede/default.asp
Remediação do solo:
http://ambiente.hsw.uol.com.br/contaminacao-dos-solos6.htm
Coletor solar da Embrapa:
http://www.cnpma.embrapa.br/public/public_pdf21.php3?tipo=lt&id=28
Biorremediação:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782007000400049&lng=pt&nrm=iso
Áreas contaminadas de Sampa (Cetesb):
http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/areas_contaminadas/relacao_areas.asp
Gerenciamento de áreas contaminadas:
http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/areas_contaminadas/proced_gerenciamento_ac.pdf
VIGISOLO – Ficha de campo:
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/ficha_de_campo_e_instrutivo_de_preenchimento.pdf
Manejo ecológico:
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=203838&tid=2451596441700943399

Autoria: José Luiz Viana do Couto
e-mail: jviana@openlink.com.br

Um comentário:

dina disse...

fogui pholeiro come tude....hahah