quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Audiência Pública do aterro sanitário CTR Santa Rosa - Seropédica (RJ)

No dia 26 de setembro de 2009 em Seropédica (RJ) houve uma Audiência Pública da CTR (Centro de Tratamento de Resíduos) Santa Rosa. Para quem não sabe um AP é um instrumento obrigatório para alguns empreendimentos tais como: refinarias, rodovias, usinas hidroelétricas, etc, que consiste em levar para a população o que se pretende, e analisar o que as partes interessadas tem a falar.

Pois bem, neste episódio houve uma presença maciça de ambas as partes com a Paulista SA levando gente dela e a sociedade civil representada pelos moradores, ambientalistas, imprensa, catadores de lixo (cooperados ou não), proprietários rurais, etc.


Estive presente a AP munido de documentação no sentido de questionar a inviabilidade dos aterros sanitários (todos eles) sob a ótica da engenharia que possui soluções que fogem totalmente da lógica da deposição e cobertura do lixo, e sim da utilização de 100% do lixo como matéria-prima sem a geração de nenhum tipo de resíduo seja este na forma gasosa, particulada ou sólida. Esta forma de questionamento e interpelação é a que deveria ter sido levada à sério para demonstrar a incompetência na gestão pública dos resíduos urbanos e também deixar claro o nível de tráfico de influência exercido nas esferas municipais e estaduais em prol de um lobby porco que visa únicamente bônus para poucos e espalhando o ônus para toda sociedade.


O que houve porém foi uma demonstração clara de manipulação por parte de um legislador municipal em criar uma dificuldade com a (suposta) intenção de vender uma facilidade posteriormente. Como as fotos deixam claro, foi necessário uso de seguranças (Contratados pela Paulista SA) para formar cordão de isolamento, pois a integridade física dos componentes da mesa foi flagrantemente posta em risco.


A multidão incitada à agredir não poupou sequer os que estavam contrários ao empreendimento. Um verdadeiro atentado ao estado democrático de direito.


Nós, que atuamos em defesa dos verdadeiros interesses sócio-ambientais que permeiam uma sociedade ética, justa e sustentável REPUDIAMOS VEEMENTEMENTE atos como os vistos neste dia.

Profundamente lamentável ter meu direito de expressão cerceado!!!!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Programa de Agentes Ambientais Populares - Mesquita

TEMA: Ambientes aquáticos do Município de Mesquita

O Município de Mesquita está desenvolvendo o Programa Agentes Ambientais Populares, que faz parte de um macro-contexto de qualificação ambiental, cujos objetivos são a formação de cidadãos capazes de interagir pró-ativamente na identificação e resolução de conflitos sócio-ambientais que permeiam a sociedade mesquitense em suas mais variadas formas e situações.


Para um efeito mais didático e menos cansativo para os agentes voluntários, subdividi nas seguintes temáticas:

1 - Ambientes aquáticos perenes e anuais (Preservação e equilíbrio)
2 - Elementos bióticos: Cadeia trófica (Equilíbrio dos habitats)
3 - Elementos abióticos
3a - Parâmetros físicos: turbidez, temperatura
3b - Parâmetros químicos: pH, GH, amônia, nitrito, nitrato, fosfato, DBO.
4 - Potabilidade:
4a -Fatores sanitários para consumo humano.
4b - Fases do tratamento da água: Filtragem, floculação, decantação, filtro de carbono, desinfecção.
5 - Doenças de veiculação hídrica: Amebíase, giardíase, gastroenterite, febre tifóide, paratifóide, hepatites e cólera.
6 - Doenças relacionadas à água: teníase, ascaridíase, esquistossomose, ancilostomíase, oxiuríase.


A 1ª parte da aula foi dedicada a localizar dentro do contexto municipal os locais-alvo do programa elaborado, que são os cursos de água vivos, ou seja, aqueles que ainda preservam condições de sustentarem vida subaquática. Nesta fase os alunos identificaram duas situações: o rio dona Eugênia que nasce dentro de uma Área de preservação permanente (Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu) e corta uma parte do município de Mesquita. E a APA Mesquita, já dentro dos limites do antigo campo de instruções do Gericinó (Exército).


Utilizando-me de instrumental químico-analítico pude elaborar uma dinâmica laboratorial em sala de aula para derrubar um imaginário popular que traduz "água translúcida" como água potável. Propositalmente "fabriquei" uma amostra de água com valores absurdos de pH (8,0), GH (1), amônia (> 5ppm), nitritos (> 4mg/l), nitratos (>10ppm) e fosfatos (> 5mg/l) e provoquei um estímulo na busca pelas possíveis fontes contaminantes. Como contra-prova utilizei-me de um simples garrafão de água mineral presente na sala, cuja análise apontou absoluta normalidade de parâmetros.

Os testes utilizados possuiam caráter não-profissional e de uso específico em aquariofilia, mas pela precisão dentro do aceitável foram usados apenas como indicadores.

Fabricantes dos testes:

1 - pH: Alcon
2 - GH: Alcon
3 - Amônia: Alcon
4 - Nitrito: Nutriara
5 - Nitrato: Red sea
6 - Fosfato: Nutrafin


Meu trabalho foi igualmente voluntário (como todos os participantes), pois entendo que a socialização de conhecimentos nas bases da sociedade é fator que pode alterar positivamente os modelos de comportamento tão errôneamente arraigados a décadas. Alguns chamam isto de "participação popular", mas prefiro simplesmente o "fazendo a diferença".


"Atitudes geram mudanças".

sábado, 8 de agosto de 2009

APA Guandu-açu - Flagrante de absurdo ambiental 1

Aqui é a foz do rio dos Poços que passa por boa parte do município de Queimados e recebe absurda carga de efluentes industriais do Pólo Industrial de Queimados sem nenhum tratamento mais adequado. Observem que as chigogas obstruem totalmente a desembocadura.


O remo é preto? Sim, de poluição....


Atenção à coloração da água. Há quem diga que turbidez não é indicador de poluição. E cheiro é? Se for levem máscaras contra gases. Foi uma experiência de embrulhar o estomago.


APA Guandu-açu - Flagrante de absurdo ambiental 2

Nos mapas regionais este "curso de água" pode ser reconhecido como rio Ipiranga, que drena as águas de muitos bairros de Nova Iguaçu como Dom Bosco, Prados Verdes, Marapicu. A cor da água sugere um rio morto? Sim! Infelizmente seus níveis de efluentes domésticos não-tratados transformaram-no num imenso valão igual a tantos outros. Uma discrepância brutal dentro do contexto de uma APA. Uma responsabilidade da CEDAE (Companhia de águas e ESGOTOS), mas a empresa tem-se mostrado TOTALMENTE OMISSA e INCOMPETENTE, ficando muito mais preocupada em captar água na APA e distribui-la para outros municípios além de deixar bem claro que não irá investir UM CENTAVO no tratamento de efluentes domésticos na Baixada Fluminense pq a prioridade é a zona oeste (Leia-se Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes) e o saneamento do complexo lagunar de Jacarépaguá e o tão propalado emissário submarino da Barra.


A imagem até parece sugerir um ambiente de macrófitas aquáticas, mas o que vejo é uma proliferção absurda de chigogas (aguapés) denunciando altos índices de amônia, sulfonatos, alta DBO, nitratos, fosfatos e matéria orgânica - trocando em miúdos: água está podre!!!!
De quem é a responsabilidade? Da população? Digo o seguinte: existe em nosso estado uma estatal chamada CEDAE (Companhia de águas e ESGOTOS) cujas atribuições incluem tratamento de efluentes, logo a responsabilidade é dela sim! É inegável! Dela deve emanar todos os projetos de saneamento e despoluição dos corpos hídricos do Rio de Janeiro.


Panoramas semelhantes ocorrem em muitos pontos do Brasil

APA Guandu-açu (Rj) - Breve perfil sócio-econômico

Embora belíssima em sua paisagem a APA Guandu-açu possui os mesmo problemas sociais e econômicos que outras Unidades de Conservação inseridas na zona de influência da cidade de Nova Iguaçu - falta de estabecimentos de ensino público, saneamento, saúde pública, etc. Neste rápido diagnóstico fotográfico procuramos exemplificar o que de fato se resume a principal fonte de renda para a população ribeirinha - a pesca artesanal de baixo valor agregado.


A tarrafa e as redes de espera são os principais instrumentos de captura contando com artesãos locais para a fabricação e reparo. Pouco ou nada são explorados outras possibilidades como pesca com anzol (espinhel) ou armadilhas. Mesmo com todo esforço do jogar-recolher da tarrafa pude presenciar o escasso sucesso da empreitada: 4 tilápias com uns 20cm. Desanimador. Seria o horário? Lua? Local?


Flagrante do local de venda de um pescador às margens do "km32" (antiga Rio-SP) que demonstra o qto é precário o método de venda do pescado.


O produto da pesca é exposto ao ar livre sem nenhuma preocupação com refrigeração ou higiene, tudo misturado com boas doses de fumaça dos caminhões (enxofre), monóxido de carbono, partículas do desgaste de pneus e asfalto, etc. Acrescentem algumas moscas, claro.


Mesmo com um panorama de precariedade total não vejo alternativas emanáveis do poder público responsável pela normatização dessa atividade (prevista em Lei municipal), simplesmente pq tal poder é ausente nas necessidades mais básicas da comunidade e começar atuando de forma punitiva vai contra todos os princípios democráticos, sociais, humanitários que tanto esforçamo-nos em respeitar dentro da ótica sócio-ambiental.


Não existe tabela de preços, claro. Tudo é negociado de acordo com a capacidade do comprador em levar o máximo pelo mínimo. Durante as fotos acompanhei com muita atenção uma negociação que demorou longos 15 ou vinte minutos no fechamento de um lote (no chão) de acarás-de-rio (Geophagus brasiliensis), o martelo bateu em 4 reais. Peixe frito no almoço de sábado!


"Atituides geram mudanças"