sábado, 27 de setembro de 2008

Aquariofilia x Movimentos sócio-conservacionistas

As pessoas do mundo moderno, após anos de degradação e exploração ao meio ambiente, começaram a mudar a visão sobre como estavam tratando os seres e objetos pertencentes à natureza; uns por amor, outros por autopreservação, e até mesmo por preservação de gerações futuras.

Novos modelos de conduta foram surgindo; as ações e pensamentos humanos passaram a ter uma diversidade enorme em relação aos comportamentos ecológicos.

Alguns mantiveram antigas posturas e, embora preguem preocupação com o meio ambiente, ainda agem como perseguidores das vantagens sobre a natureza a qualquer custo; em especial quando essas vantagens lhes trazem vantagens.

Por outro lado, outros pregam uma forma tão exageradamente preservacionista e conservacionista de lidar com a natureza, que foge da realidade de o ser humano também fazer parte da natureza; pregam um paradigma de que as pessoas deveriam ser quase como "anjos celestiais", desprovidos de necessidades, desejos e sentimentos.

Ambos são os extremos de uma mesma corda; mas possuem um ponto comum: A hipocrisia. Dizer que devemos preservar, mas agir de forma egoística e destrutiva é uma hipocrisia; dizer que não podemos tocar em nada, mas usar roupas, morar em uma casa, alimentar-se e usar no dia-a-dia diversos itens originários da natureza, também é uma manifestação hipócrita. Ambos denotam um sentimento louvável que no fundo não têm; um por cobiça e o outro por impossibilidade.

O virtuoso nesse campo é aceitar o fato de que temos o dever de respeitar, defender e preservar a natureza, usando daquilo que precisamos ou desejamos de forma racional e moderada.

A aquariofilia, por parte de muitos, tem sido alvo de ácidas críticas. O daninho "espírito ecológico exacerbado", que só serve para fazer com que grande parte da população desenvolva ojeriza pela verdadeira ecologia, também chegou por aqui e, no fundo, só atrapalha os ensinamentos que deveriam ser passados.

Há também o outro lado da moeda, constituído por aqueles que são indiferentes; mas, um ou outro acaba querendo ter um "aquariozinho". Contudo, não se acerca dos conhecimentos básicos para a correta prática da aquariofilia, acarretando sofrimento e dor aos seres que coloca em sua companhia. Isso acirra ainda mais a acidez dos críticos, pois só são críticos e nada fazem para ajudar.

Perde-se na História o fato de os seres humanos se fazerem acompanhar pelos animais; e até mesmo o fato de muitos animais quererem acompanhar os seres humanos. Alguns dirão que isso é interesse; mas é óbvio que é por interesse, mesmo que seja só pela companhia ainda continuará a ser um interesse.

Certamente não será privando as pessoas da companhia dos outros seres da natureza que conseguiremos incutir uma melhor consciência ecológica; aliás, os que se dedicam à aquariofilia e captam o verdadeiro espírito dessa prática, sabem o quanto é importante a preservação do meio ambiente.

Acreditamos que é de suma importância ensinar às pessoas que querem ter um aquário a como montá-lo e mantê-lo, de forma a que os seres que ali habitam vivam com excelente qualidade de vida e em perfeita harmonia com o ambiente. É importante ensinar a não comprar em locais ou de pessoas que capturam os animais de forma ilegal e até mesmo cruel.

É muito bom termos a companhia de outro ser; mas é necessário saber respeitá-lo e dispensar cuidados que, no geral, nem são tão difíceis, porém necessários para a boa qualidade de vida de nossos amigos aquáticos.

Não é "uma trabalheira danada" como muitos imaginam ser, entretanto há técnicas e regras a serem cumpridas; se a pessoa não tiver paciência e amor é melhor não se arvorar pela prática da aquariofilia; aliás, é melhor não dividir a companhia com qualquer outro animal ou até mesmo planta, pois todos aqueles que passam a fazer parte de nossas vidas, de alguma forma, também passam a fazer parte de nossas responsabilidades.

Ricardo André Maia Bitencourt (Associação Brasileira de Aquariofilia)

"Atitudes geram mudanças".

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